02 dezembro 2006

Surpreendente África

Penso muito na contradição que há no consumo de luxo em um país como o Brasil, então você há de imaginar o choque quando me deparei esta semana com uma história no Los Angeles Times sobre um congolês que vive com os pais, não paga pensão para o filho e torra todo dinheiro que ganha em roupas de grife.
Grife mesmo: Dolce & Gabbana, Gucci, Versace. Só peças que lhe custam mais de um mês de salário. E deve fazer isso há bastante tempo porque já conseguiu reunir o suficiente para nunca repetir uma roupa no período de 30 dias.
Papy Mosengo, o congolês, chama atenção por onde passa. Mora num barraco numa região que sofre com o crime, ganha 120 dólares por mês e revolta os amigos ao gastar 400 dólares, em média, em compras. "Dava para construir uma casa com esse dinheiro", diz seu fornecedor.
Mosengo não está nem aí e justifica suas atitudes com uma frase que me fez pensar: "Eu me sinto especial assim".
Afinal, não é isso que a gente quer, se sentir especial? Ouvir um elogio, causar uma boa impressão, marcar presença? A atitude de Mosengo soa como afronta, mas não é muito diferente da de muitos que se comprometem mais do que deveriam para impressionar com a embalagem, em vez do conteúdo.

6 comentários:

Anônimo disse...

Amiga, vc está se superando! Muito bom esse post. Faz vc pensar em várias coisas, desde problemas sociais e econômicos à questões de valor da marca e da inversão de valores q vivemos hj.
Parabéns!

Thiago Lasco disse...

Eu poderia sustentar que tudo são escolhas - assim como muitos preferem morar espaçosamente na Zona Norte a custear um muquifo a preço de ouro na Zona Sul - mas acho que o buraco aí é mais embaixo. É impressionante o contraste entre o poder das marcas, de um lado, e a fraqueza de espírito de certos tipos de consumidor, que são facilmente manipuláveis. O cara é um loser, mas consegue acreditar piamente que torrar uma fortuna que ele simplesmente não tem vai colocá-lo mais perto daquilo que ele gostaria de ser... Não deixa de ser fascinante a capacidade das grandes marcas de agregar valor aos seus produtos e construir em torno de si toda uma imagem fantasiosa e convincente.

Anônimo disse...

eu concordo que ninguém tem que inverter valores por conta de roupa/aparência, mas a gente bem que faz umas doideiras every now and then, não? isso de se apoiar numa marca/estilista bem bacana pra suprir inseguranças nossas é mais recorrente do que a gente conscientiza... a gente só não deixa virar notícia, ainda mais nessa proporção! (amei o blog, de verdade, parabéns!!!)

Rebeca disse...

Muito bacana o blog, tá linkada.
Bjos

Anônimo disse...

Excelente essa notícia. Eu não tinha visto ainda não. Puta personagem!
Mal ou bem o cara conseguiu o que queria. Teve ao menos 5 minutos de fama. Pra um morto de fome congolês é um feito e tanto, convenhamos. Ou era isso ou aparecer em fotos à la Sebastião Salgado sobre a guerra civil ou a fome.
Bem, cada um na sua é a minha bandeira.
Beijo.

Ayleen disse...

Adorei o seu blog. Também tenho um com informações de moda e um de ilustrações. Vou te add nos meus links e sempre estarei presente, ok???

Feliz Ano novo!!