02 dezembro 2006

Surpreendente África

Penso muito na contradição que há no consumo de luxo em um país como o Brasil, então você há de imaginar o choque quando me deparei esta semana com uma história no Los Angeles Times sobre um congolês que vive com os pais, não paga pensão para o filho e torra todo dinheiro que ganha em roupas de grife.
Grife mesmo: Dolce & Gabbana, Gucci, Versace. Só peças que lhe custam mais de um mês de salário. E deve fazer isso há bastante tempo porque já conseguiu reunir o suficiente para nunca repetir uma roupa no período de 30 dias.
Papy Mosengo, o congolês, chama atenção por onde passa. Mora num barraco numa região que sofre com o crime, ganha 120 dólares por mês e revolta os amigos ao gastar 400 dólares, em média, em compras. "Dava para construir uma casa com esse dinheiro", diz seu fornecedor.
Mosengo não está nem aí e justifica suas atitudes com uma frase que me fez pensar: "Eu me sinto especial assim".
Afinal, não é isso que a gente quer, se sentir especial? Ouvir um elogio, causar uma boa impressão, marcar presença? A atitude de Mosengo soa como afronta, mas não é muito diferente da de muitos que se comprometem mais do que deveriam para impressionar com a embalagem, em vez do conteúdo.

22 novembro 2006

Coletes, casacos e liquidações

Não tem muito tempo vi num site gringo que os coletes estão voltando com tudo. Claro, para provar sua tese a página mostrava váááárias celebridades (de estirpe, nada no nível de Paris Hilton) investindo no modelito. Aí na segunda-feira vi "Os Infiltrados" a psicóloga da polícia me aparece de colete e eu fiquei pensando sobre ele. Pensei, pensei e cheguei à conclusão de que colete não dá. Tem coisa mais yuppie anos 80/90 do que colete? Mais curtinho, mais compridinho, aberto, fechado, acinturado, com terninho, com jeans. Não tem jeito: colete me remete à terrível lembrança de Diane Keaton em "Presente de Grego". Sabe qual é? Aquele filme em que ela é uma superexecutiva atarefada que recebe de herança um bebê? Então. O filme é triste. O figurino, pior ainda.

Aqui o verão ainda está só se insinuando (eu só acredito nele depois de encarar uma semana inteirinha de sol inclemente e calor idem com, no máximo, aqueles temporais no fim do dia). Mas nos EUA o inverno tá pertinho. O suficiente para terem começado as liquidações de verão e as revistas e jornais começarem a sugerir suas tendências para a estação fria. Então eu não resisti ao especial do New York Post que traz até sugestão de luvas. Nem todos são lindos, mas eu ando numa boa vontade tão grande com sobretudos e afins que fiquei babando e (de novo) sonhando em ser a assistente de Miranda Priestley em "O Diabo Veste Prada". Desculpem a obsessão.

Ah, e já que falei em liquidação, peço licença para uma confissão: morro de inveja dos saldões de terras estrangeiras. Se em Paris, onde cobram em euros, eles já são tentadores, imagine em Nova York. Só para você ter uma idéia e compartilhar desse sentimento feio que se apossou do meu coraçãozinho, tem casaco Dior por US$ 55; sapatos Miu Miu por R$ 40; suéter comprido Chloe por US$ 70, e até vestido de festa Valentino por US$ 650. Não que eu me interesse por Valentino ou tenha tanto para investir em tão 'pouco', mas as peças custavam US$ 5 mil. Calculou o desconto?

10 novembro 2006

Tanta coisa para dizer...

...tão pouco tempo para escrever.
Sei que estou devendo e vou tentar me redimir em pílulas porque alguns assuntos já nem estão mais no spotlight mas eu quero falar sobre eles mesmo assim. Subtítulos vão guiando quem quiser poupar tempo pulando assunto velho (eu entendo).

Roupa repetida

Uma das notícias mais badaladas hoje no site Ego era a estranha coincidência de roupa entre Juliana Paes, Carolina Dickmann, Cléo Pires e Ingrid Guimarães. As quatro foram flagradas em eventos recentes vestindo a mesma roupa (olha a foto aí). Ou uma variação dela: um macaquinho (ou vestido) da Maria Bonita fofíssimo de estampa xadrez rosa.
Excelente escolha de todas (ou de seus stylists, vai saber), mas não é possível que elas não tenham ficado incomodadas de descobrir que agora em todo lugar que forem correm o risco de encontrar uma coleguinha com a roupa igualzinha.
E aí também fiquei imaginando se é tão difícil assim uma grife como a Maria Bonita ter algum tipo de controle sobre as peças que consomem suas clientes famosas. Ele já fazem isso com pessoas comuns que compram roupas para ocasiões especiais...
Mas, sei lá, pelo menos informar que 60% do Projac já comprou a mesma peça poderia ser útil, não? Aí, se a moça insistir, bem, cada um com seus problemas. Até porque, para mim, a marca só perde com isso.
Eu, na situação delas, enfiava o macaquinho (ou vestido) no armário e não usava nem para visitar meus pais no interior. Vai que alguém lá resolveu desembolsar R$ 500 nele também...

Lembrança de viagem

Tem gente que traz chaveiro, tem gente que traz cinzeiro, ímã de geladeira, porta-copos, boné, camiserta. Num dos meus grupos de amigas é proibido (olha o exagero!) trazer quinquilharia. Por um acaso do destino muitas estão acumulando milhas em viagens incríveis e trazendo presentes mais incríveis ainda. E eu não vou listar aqui para não estimular a cobiça alheia.
Mas eu preciso dividir a melhor lembrança de viagem que já ganhei na vida: a edição especial primavera-verão da Elle italiana.
A amiga disse que comprou para ela, mas achou que eu ia aproveitar mais. Sério, quase chorei de emoção. Por ela ter pensado em mim e no quanto eu gosto desse negócio, pelo discursinho que ela fez antes de me dar o presente e porque eu estou babando em 800 páginas de editoriais e anúncios que, ai ai... (e, não me levem a mal, mas até para anunciar os franceses dão um banho)
Prometo olhar tudo com cuidado, deixar a emoção de lado e fazer um balanção das tendências aqui. Em breve (mesmo).

O Diabo Veste Prada

Tá bem, tá bom, esse assunto tá quase vintage de tão velho. Mas é que eu tomei um superpuxão de orelha por ter ignorado o pedido da minha única leitora desconhecida (porque, pelo menos por enquanto, isso é um blog entre amigos, eu sei). Então aí vão algumas considerações sobre o filme.
A maquiagem é absurdamente maniqueísta. As bitchs Emily e Miranda em seus piores momentos parecem ter saídas de um filme de Harry Potter. E chega a ser ofensiva a forma como o look de Miranda vai suavizando conforme ela vai se deixando encantar por Andy.
Isso sem falar no disparate que são os amigos de Andy. O namorado quer ser chef de cozinha, a melhor amiga é aspirante a fotógrafa de arte e os dois tacam pedra o quanto podem na pobre da Andy como se ela fosse uma Geni.
Como eles não soubessem a ralação que é chegar a algum lugar num mercado de trabalho glamouroso sem se ter contatos quentes.

19 outubro 2006

True Colors

Tem gente que gosta de escritores, tem gente que gosta de pintores, tem gente que gosta de diretores. Eu gosto de criadores (de moda). E Coco Chanel é a melhor deles. Porque se a mulher se libertou dos corselets, é a ela que se deve agradecer. Se existe uma moda que permite estar bonita, elegante e viver, a culpa é toda dela. E se há um corte de cabelo clássico que funciona em qualquer época, bom, nesse caso, o responsável foi o fulano que deu um pé na bunda dela.
O fato é que estava aqui fazendo uma pesquisinha para minha exposé de sábado no francês quando achei a seguinte frase creditada a Chanel: "A roupa deve ser, antes de tudo, cômoda e prática. É a roupa que deve adaptar-se ao corpo e não o corpo que deve deformar-se para adaptar-se à roupa".
Confesso que não confio plenamente que a frase seja dela (ainda mais tendo encontrado na internet), mas o argumento é coerente com as idéias que ela costurou.
E foi engraçado ter lido isso no mesmo dia em que achei um vídeo no Youtube do comercial americano de uma marca mundial de cosméticos que anda fazendo campanha pela real beleza.
Nele, a gente acompanha todas as transformações por que passa uma modelo no trajeto entre o estúdio e um outdoor. Não chega a ser surpreendente, mas tranqüiliza um bocado ter certeza absoluta de que NENHUMA mulher no mundo tem o cabelo desembaraçado, brilhoso e esvoaçante naturalmente.
Como na internet uma coisa leva à outra, encontrei um outro comercial da mesma empresa. Dessa vez eram várias menininhas, lindinhas. Quando aparecia a japonesinha lia-se a frase 'queria ser loura'; ao lado da ruiva, 'odeia suas sardas'; se a menina usava óculos, 'se acha feia'. E por aí vai... Como trilha, "True Colors", da Cindy Lauper.
Achei fofo. E lembrei de todas as vezes na escola em que a gente fica querendo 'trocar' de cabelo, de olho, de altura, de peito, de qualquer coisa que pareça mais bonito amiga que na gente.
Então, sei lá porque, quando vi esta noite na TV o desfile da Raya de Goeye no São Paulo Fashion Week, repensei tudo isso.
As meninas da marca são ótimas criadoras, a coleção estava linda como todas as que já vi. Elas adoram volumes, comprimentos curtos, decotes e tecidos fluidos e fazem tudo funcionar. Mas sempre que vejo suas roupas, fico com a impressão de que elas só pensam nas magras.
Está certo que cada um veste quem quer, mas aí não faz muito sentido as semanas de moda tentarem abolir as anoréxicas, né?
Ah, o link para o vídeo de True Colors está lá no título do post. Já o da transformação da modelo, eu coloquei aqui.

10 outubro 2006

Gente fina


Um amigo vai lançar um livro e, segundo a namorada dele, está que não se agüenta de ansiedade. Eu também estaria. Afinal é preciso ter coragem para se exibir para os outros de maneira tão intensa. E não estou falando do exibir do narcisista, mas do exibir de quem quer compartilhar.
E nem estou achando que eu, pobre jornalista, tenho essa coragem. Eu não crio realidades paralelas, personagens, situações. Eu escrevo sobre o que está aí fora.
Já esse amigo não. Escreve sobre o que está lá dentro. E, dizem, faz isso muito bem.
Só vou poder opinar depois da noite de amanhã, quando ele lança o livro. Mas já tenho uma profunda simpatia pela idéia. Não só porque é meu amigo. Mas porque tem 20 e poucos anos e ficou com o sonho guardado na gaveta esperando a hora de ganhar o mundo.
Talvez tenha esperado mais do que gostaria, mais do que merecia. Mas fez isso sozinho e merece um abraço apertado só por causa disso.
Ronaldo Pelli, o meu amigo, não é de nenhuma dessas galeras que legisla e distribui a cultura em causa própria no Rio de Janeiro.
Acho que vou adorar esse livro.

A Primeira Pessoa
Ronaldo Pelli
Dia 10 de outubro, às 20h30
Mistura Carioca
Rua Gomes Freire 791, Lapa

Algum tempo depois...


Jean Paul Gaultier fez 30 anos de moda e celebrou na Semana de Moda de Paris, com o lançamento de uma coleção primavera-verão que provou mais uma vez porque, ao lado de Vivienne Westwood, sempre foi considerado um enfant terrible.
Gaultier é da geração do punk e não nega. Couros, tachas, plastificados e moicanos estavam lá. Na lembrança de suas criações mais marcantes também está o jogo de opostos: oversize e silhuetas ajustadas; preto e branco; esportivo e social.
Mas para a próxima temporada foram os longos em referências inusitadas que se destacaram na passarela. Jeans, camuflado e o inconfundível estilo marinheiro.
Tudo isso para dizer que esta semana finalmente eu entendi porque os primeiros frascos de perfume de Gaultier eram listrados.
Porque o estilista desde a infância é vidrado naquela camisa de listras que os pescadores franceses usam. Sabe qual é, né? La Marinière, como eu aprendi no curso de francês.
Para mim foi a descoberta da pólvora várias vezes numa aula só. Descobri que é uma roupa que saiu da Bretanha para as ruas, que Gaultier tem vários modelos de diferentes materiais no armário e que as listras, antes de serem estilo, tinham uma utilidade básica: ajudar na sinalização dos homens no barco.
É por essas e outras que comparar curso de inglês e de francês é como colocar lado a lado a melhor lanchonete fast food e qualquer café de Paris. Uma maldade.

30 setembro 2006

Isto não é uma reclamação

Esse Festival do Rio é um problema.
Há dias estou encarando, em média, duas sessões de cinema por dia e, com isso, perdendo preciosas horas de sono (sério), episódios importantes de séries (nem todas estão em reprise, tá?) e valiosíssimas oportunidades de postar coisinhas aqui.
Então vamos ao que interessa: finalmente vi "O Diabo Veste Prada".
E nem precisava ter começado a ler o livro para achar o filme ideal para a Sessão da Tarde.
Primeiro que a história da recém-formada escravizada por uma editora de moda bitch virou um conto de fadas.
Sem querer parecer metida, já freqüentei semanas de moda o bastante para saber que jornalistas cafonas continuam cafonas. Elas não simplesmente ganham roupas incríveis e viram pessoas cheias de estilo.
E andei pesquisando e descobri que nos EUA também não funciona assim: você chega toda breguinha na redação e de repente um maravilhoso armário se abre e você pode se apossar de roupas que custam o dobro do seu salário.
Depois, não dá para entender como um aspirante a chef de cozinha e uma fotógrafa de arte iniciante podem não entender o esforço que a garota faz para se dar bem no trabalho e impressionar a chefe megera.
Terceiro que nenhum ser humano que trabalhe numa revista de moda vai recusar A oportundade da vida de ir à Semana de Moda de Paris porque a colega (bitch) da mesa ao lado quer mais.
E, finalmente, Miranda beira o insuportável, mas eu tive certeza de que "mataria por aquele emprego". E adoraria viver numa cidade onde pudesse usar sobretudos. Ai ai...
Ah, o livro teve que ser temporariamente encostado. Molière virou prioridade por hora.

26 setembro 2006

Tsc, tsc, tsc

Fiquei aqui falando que tinha que ler "O Diabo Veste Prada" correndo para poder ir ao cinema já no dia da estréia com o dever de casa feito.
Nem um, nem outro.
A metade do livro já não é mais um sonho distante, mas a ida ao cinema parece cada vez mais longe.
Mas o filme tinha que estrear bem na época do Festival do Rio? Tendo que escolher, não há dúvidas: Festival na cabeça.
Foram quatro filmes no fim de semana, um já ganhou status de cult e estou até vendo que vai ser daqueles que pega mal dizer que não gostou, sabe?
Enfim, eu não gostei. Pior: achei chatésimo e pela primeira vez na vida embarquei num sono profundo no cinema.
Já os outros três não podiam ter sido escolhas mais acertadas. "C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor" é a história de uma família que podia ser como a nossa, só que eles moram em Québec, falam francês (o filme só ganhou com isso) e o pai é supermusical.
Mas o melhor é que boa parte do filme se passa nos anos 70 e Zac, o protagonista, mergulhou de cabeça na moda da época. Ai que delícia aquelas calças boca-de-sino e aquelas estampas sensacionais.
"Jonestown - Vida e Morte" foi o documentário que se seguiu. Mas eu não vou ficar falando de moda aqui porque é uma heresia tocar no assunto quando 909 morreram no que se considera o maior suicídio coletivo da história - da seita Templo do Povo, de Jim Jones. Mas foi em 1978, só para você saber.
Agora, bom mesmo foi "Little Miss Sunshine". Um road movie sensacional que, apesar de ter Steve (The Office) Carrell e Toni Collette no elenco, brilha é com Abigail Breslin.
Ela é Olive, uma menina pançudinha que consegue uma vaga num concurso de beleza e acaba fazendo a família toda se amontoar numa Kombi (amarelo-ovo, incrível) e cruzar os Estados Unidos.
Olive não tem a menor pinta de miss, mas tem um estilo que eu vou te contar. Adora sobrepsições e acessórios esportivos e deixa essa 'geração Rebelde' no chinelo.
Vê nessa foto se a menina não é um arraso.

21 setembro 2006

Contagem regressiva

O Festival do Rio está quase começando e, embora eu deva admitir que investi uma grana considerável em um número talvez exagerado de ingressos, não está nesse pacote o filme mais esperado do ano (para mim).

Claro, é de "O Diabo Veste Prada" que eu estou falando e, como uma boa menina, estou fazendo meu dever de casa lendo o livro antes.
Só não sei se vou acabar até sexta, que é minha data-limite para ver a história no cinema.
Mas o fato é que so far so good.
Tudo o que Andy - a protagonista - mais ouve é que ela tem o emprego que milhões de garotas matariam para ter.
Eu devo admitir que talvez me tornasse uma assassina por causa dele. A mocinha é assistente da editora mais poderosa da revista mais poderosa do mundo da moda.
O livro é uma ficção inspirada na experiência real da autora, Lauren Weisberger, que penou um bocado no posto de auxiliar de Anna Wintour, a editora mais poderosa da revista mais poderosa do mundo da moda. Leia-se: Vogue.

Anna Wintour (aí na foto) é tão poderosa quanto assustadora. A ponto de muitos estilistas terem se negado a ceder roupas para o figurino do filme com medo de serem limados para sempre dos poderosos editoriais.
E olha que a direção de figurino não foi feita por uma qualquer, mas por Patricia Field, a figurinista de "Sex and the City", a série preferida dos fashionistas.
Mas o fato é que a vida de Andy não é mesmo fácil e todo o glamour faz com ninguém entenda do que ela reclama. Miranda é mesmo difícil e quer sempre o impossível.
Mas, como diria um amigo fanfarrão, é preciso ter dedos calejados para tocar o piano da vida.

17 setembro 2006

Às compras

A Semana de Moda de Nova York acabou de acabar e já saiu a peça-chave do verão 2007. Pelo menos do verão americano.
Só vai dar vestido. De qualquer comprimento, qualquer forma e qualquer cor. E - felizmente - são os modelos soltinhos que prometem reinar.
Depois de muitas saias rodadas, a moda dá sinais de começar a mudar de rumo.
Na última edição do Fashion Rio eles foram muitos e variadíssimos. Taí a fotinho, com modelos Maria Bonita Extra, Colcci e Permanente para provar.



Vestido é prático e uma mão na roda naqueles dias em que não se sabe o que vestir.
Fora que é a peça mais feminina que existe no guarda-roupa da mulher. Ou você acha que é à toa que só existe vestido de gala?

16 setembro 2006

Burn this city

Ainda tem poucas horas que o Franz Ferdinand passou pelo Rio novamente cantando que a cidade está fora de controle.
Pois parece que fora de controle anda o mundo da moda.
A London Fashion Week bem que tentou posar de superior e não ceder à pressão madrilenha por modelos menos esqueléticas nas passarelas, mas não está sendo tão fácil.
Segundo a Reuters, o Conselho Britânico de Moda (BFC, na sigla em inglês) adiou sua seleção de modelos por causa da pressão externa.
Esta semana a Pasarela Cibeles - principal evento de moda de Madri - anunciou um boicote às modelos que tivessem IMC (índice de massa corporal) abaixo de 18.
A prefeita de Milão aplaudiu e já disse que pretende fazer o mesmo.
Os londrinos anunciaram que seguiriam o modelo de sempre. Aí surgiu uma pressão externa e a organização do evento chegou a um impasse. Continuar como sempre ou ceder aos apelos e acabar abrindo mão de grandes estrelas?
Na dúvida, a seleção de elenco foi adiada e ainda não há pistas de qual caminho os fashionistas ingleses devem seguir.
Mas pelo menos uma personalidade local já se pronunciou oficialmente. 'Mãe' do bruxinho Harry Potter, a escritora J. K. Rowling é favorável ao embargo das magrelas. Ela não que que suas filhas fiquem obcecadas com o corpo.
Está certo ou não está?

Eu quero!


Não tenho a menor pretensão de ir a Nova York a passeio. Tenho medo de juntar dinheiro por meses, pagar visto, passagem e acabar barrada de entrar nos Estados Unidos porque alguém da imigração achou que eu pareço uma ameaça ambulante.
Mas depois de ver só um pouco do que desfilou na Olympus Fashion Week estou começando a repensar a decisão.
Porque ou eu aprendo a costurar e o orixá da criatividade baixa em mim para dar uma força, ou eu enlouqueço.
Descobri hoje a Milly, uma jovem marca local que fez uma coleção verão 2007 que me deixou babando apesar de não ser exatamente original.
Afinal de contas, não é de hoje que a temporada mais quente do ano se apropria dos comprimentos curtíssimos dos anos 60 e dos tecidos vazados dos anos 70. Isso sem falar da estamparia.
Em comprimentos um poucos mais longos, eu poderia ter tudo no armário. Mas como não vou a Nova York tão cedo - a não ser que role uma viagem a trabalho - acho que vou continuar na vontade.
Vai no link e vê se você não fica querendo também...

Vestindo o cardápio

Uma amiga sempre teve uma cartela de cores muito particular. Conhecia o cereja bem antes das lojas de biquínis e é bem provável que se tenha antecipado à criação do off white também.
Mas acho que até para ela a Semana de Moda de Nova York exagerou na aquarela.
Cor com nome de cor anda difícil de se ver nas passarelas.
Só dá morango, chocolate, baunilha, avelã, gengibre, pêra. Até soja tem.
Claro que no mundinho fashion nada disso é frescura, só mais uma estratégia para deixar a consumidora ainda mais ávida por comprar.
E não sou eu - pobrecita - que estou dizendo.
"Você pode ter a mesma cor com dois nomes diferentes. Pode dizer bege ou creme café, e no segundo caso a cor se torna deliciosa e evocativa", disse Leatrice Eisman, diretora do Pantone Color Institute, à Reuters.
A Pantone é uma empresa que, depois de pesquisa com os estilistas, elabora a cartela de cores da temporada seguinte de moda.
Segundo a nova tendência, nada é o que parece. Um vermelho pode ser tomate, morango, talvez framboesa, mas jamais vermelho.
Claro que isso se estende a outras cores e a gente anda vestindo berinjela há um tempo suficiente para saber que é só questão de (pouco) tempo para que a tendência pegue aqui também.

13 setembro 2006

Olé!

Tirando Balenciaga, que outro grande nome tem a moda espanhola (não vale Zara, que é multimarcas)? Pepe Mourin, talvez.
E talvez seja pela presença tímida nesse universo que a Semana de Moda de Madrid - a Pasarela Cibeles - provocou um reboliço quando avisou que não serão permitidas modelos abaixo do peso nas passarelas.
É isso aí, na contramão da tendência mulher-cabide, o evento barrou todas as modelos com IMC (índice de massa corporal) menor que 18.
Deve ter tido produtor de desfile arrancando os cabelos e estilista desesperado com as 'gordas' que vão vestir suas roupas. Informações de bastidores dão conta de que a supermodelo Kate Moss pode ficar de fora da festa por causa da nova determinação.
Nas agências de modelos americanas já tem agente dizendo que é puro preconceito. Mas será mesmo que custa tanto dar um bom exemplo?
Representantes do governo espanhol dizem que querem apenas sugerir um modelo mais saudável para as mulheres copiarem, já que a moda é um espelho. Os produtores da Pasarela Cibeles são oficialmente favoráveis à decisão.
A prefeita de Milão gostou da idéia e já disse à imprensa italiana que pode repetir o veto quando sua semana de moda chegar.
Já na London Fashion Week a tendência não deve pegar.
Se o Real Madrid não anda muito bem das pernas - tentando se recuperar no atual Campeonato Espanhol, é verdade -, os fashionistas madrilenhos marcaram um golaço.