19 outubro 2006

True Colors

Tem gente que gosta de escritores, tem gente que gosta de pintores, tem gente que gosta de diretores. Eu gosto de criadores (de moda). E Coco Chanel é a melhor deles. Porque se a mulher se libertou dos corselets, é a ela que se deve agradecer. Se existe uma moda que permite estar bonita, elegante e viver, a culpa é toda dela. E se há um corte de cabelo clássico que funciona em qualquer época, bom, nesse caso, o responsável foi o fulano que deu um pé na bunda dela.
O fato é que estava aqui fazendo uma pesquisinha para minha exposé de sábado no francês quando achei a seguinte frase creditada a Chanel: "A roupa deve ser, antes de tudo, cômoda e prática. É a roupa que deve adaptar-se ao corpo e não o corpo que deve deformar-se para adaptar-se à roupa".
Confesso que não confio plenamente que a frase seja dela (ainda mais tendo encontrado na internet), mas o argumento é coerente com as idéias que ela costurou.
E foi engraçado ter lido isso no mesmo dia em que achei um vídeo no Youtube do comercial americano de uma marca mundial de cosméticos que anda fazendo campanha pela real beleza.
Nele, a gente acompanha todas as transformações por que passa uma modelo no trajeto entre o estúdio e um outdoor. Não chega a ser surpreendente, mas tranqüiliza um bocado ter certeza absoluta de que NENHUMA mulher no mundo tem o cabelo desembaraçado, brilhoso e esvoaçante naturalmente.
Como na internet uma coisa leva à outra, encontrei um outro comercial da mesma empresa. Dessa vez eram várias menininhas, lindinhas. Quando aparecia a japonesinha lia-se a frase 'queria ser loura'; ao lado da ruiva, 'odeia suas sardas'; se a menina usava óculos, 'se acha feia'. E por aí vai... Como trilha, "True Colors", da Cindy Lauper.
Achei fofo. E lembrei de todas as vezes na escola em que a gente fica querendo 'trocar' de cabelo, de olho, de altura, de peito, de qualquer coisa que pareça mais bonito amiga que na gente.
Então, sei lá porque, quando vi esta noite na TV o desfile da Raya de Goeye no São Paulo Fashion Week, repensei tudo isso.
As meninas da marca são ótimas criadoras, a coleção estava linda como todas as que já vi. Elas adoram volumes, comprimentos curtos, decotes e tecidos fluidos e fazem tudo funcionar. Mas sempre que vejo suas roupas, fico com a impressão de que elas só pensam nas magras.
Está certo que cada um veste quem quer, mas aí não faz muito sentido as semanas de moda tentarem abolir as anoréxicas, né?
Ah, o link para o vídeo de True Colors está lá no título do post. Já o da transformação da modelo, eu coloquei aqui.